sexta-feira, 27 de março de 2015

Semana do vestido

Não, não é promoção. Isso é para falar daquela semana, que está fazendo aniversário de um mês, mas que não deu para falar antes. A semana que poderia ser chamada de “a semana do vestido”. Estão lembrados? Pelo menos de algum fato ou vestido? Porque foram vários! Nunca se falou tanto em vestido assim em uma única semana. A palavra deve ter ficado entre as mais comentadas no ranking daqueles sete dias. E os assuntos foram variados, de moda a ciência, muito se falou sobre esta peça do vestuário feminino. Vamos lembrar?

Tudo começou no dia 22 de fevereiro, domingo, logo no primeiro dia da semana, mesmo. Para quem não lembra, era o dia do Oscar! E de seus vestidos também, claro! Afinal, os vestidos do Oscar acabam sendo mais comentados que os filmes. Principalmente no Brasil, onde os longas demoram a chegar e se popularizar. Então, quando a TV anuncia que vai ter Oscar, as pessoas podem nem saber quais são os indicados, mas ficam curiosas para saber como vão vestidas as celebridades, porque, afinal, é o que mais se comenta. E como sempre, comentaram muito, sobre muitos vestidos. Do superluxo ao clássico, do sexy ao recatado, da semelhança entre os vestidos de Jennifer Lopez e Luciana Duvall e de como as mulheres estavam nos vestidos, ou seja, de seus corpos. Mas desta vez isso não ficou muito barato, não. Vestido também foi assunto de protesto no Oscar.  Com o slogan #AskHerMore, algumas atrizes manifestaram seu descontentamento com a abordagem dos repórteres, que colocam em segundo plano seus trabalhos, para comentarem sobre como vão vestidas, o que, aliás, não acontece com os atores. Até que enfim, não! 

Contudo, apesar do movimento, o assunto vestido ainda rendeu muito assunto depois do Oscar, sobretudo por causa do custo. Pérolas, diamantes, tecidos finos, muito luxo, muito dinheiro! Acho que mesmo se eu pudesse, não gastaria tanto. Afinal, é só um vestido. Mas então, teria que segurar a onda, como precisou fazer a cantora Anitta, no Brasil, no segundo evento da semana do vestido.

Dando sequência, esse foi na terça-feira, 24 de fevereiro, em São Paulo, no casamento da atriz Fernando Souza e do músico Thiaguinho. Quem tem Facebook vai se lembrar. Alvo de mais comentários que a própria noiva, Anitta, que usou um vestido comprado em uma loja de departamentos no Brasil, precisou se explicar (nesse momento, se você é uma pessoa mais crítica, deve estar se perguntando “como assim?” afinal, ela não roubou o vestido) para a imprensa. Anitta foi honesta e disse que comprou, sim, nesta loja e que veste o que quer, o que acha bonito e que não liga para preço. Ou seja, deixou o recado. Mas o assunto teve bastante repercussão nas redes sociais e ganhou vários memes, fazendo referência, também, ao fato de o vestido estar na promoção. (“Eita” semana do vestido e dos desrespeitos, diga-se de passagem). E no mesmo evento, a atriz Carolina Dieckmann também deu explicações sobre seu vestido, apontado como transparente. Carol precisou explicar que era a cor do tecido. Teve muita gente preocupada se o corpo da atriz estava à mostra (muito pudor com a imagem e pouco com as palavras!). Mais uma vez o país parou para comentar sobre vestido. Seja circulando memes nas redes sociais sobre a suposta economia de Anitta ou discutindo se o corpo de Carol Dieckmann estava ou não exposto. Vestido rende muito assunto, não é mesmo? Ou será que mulheres é que rende muito? Mas se o assunto exposição do corpo já foi muito discutido na sociedade, o caso da Anitta serviu para flagrar outros preconceitos e regras da nossa cultura, como: o que é bom é caro e artistas devem usar roupas caras, mesmo que nós os critiquemos por isso, lembrando-os da fome e de todas as mazelas do mundo. É! Os artistas caem em cada armadilha! Mas quem caiu literalmente foi a Madonna e foi na sequência dessa semana, na quarta-feira, 25 de fevereiro. E traída por quem? Por ele, pelo vestido!

Madonna se apresentava no Brit Awards 2015, em Londres. Seu show era o último do evento e ela acabou caindo no palco. O vídeo da queda, claro, viralizou na internet. E o motivo foi uma capa que compunha seu look. Essa, tendo ficado presa, teria provocado o tombo. Tá! Tudo bem! Neste caso não foi exatamente o vestido, mas a capa fazia parte do figurino e como foi na semana do vestido, fica tudo na mesma conta. Afinal, pra quê era mesmo a capa se não para compor com o vestido o seu figurino de mulher poderosa e dominadora? Mais uma vez o vestido pela mulher é usado como forma de atrair olhares e acaba sendo alvo de comentários.

(Obs.: quanto mais eu escrevo sobre essa semana, de domingo até quarta-feira, mais eu vou concluindo que vestido é assunto que rende porque é roupa de mulher. E roupa de mulher rende assunto, por que mesmo?)

Mas se até aqui o assunto vestido circulou mais entre as revistas de moda e fofoca, no final da semana o assunto pulou para a ciência. E isso foi na quinta-feira, dia 26 de fevereiro. Uma coisa de louco. Ele, o vestido azul e preto e também branco e dourado, a depender da maneira como se vê. E isso literalmente falando. Foi o assunto mais comentado no mundo até hoje em curto período de tempo. Nunca havia tido nada igual. Muitas e muitas postagens sobre a cor do vestido. A palavra “dress” jamais foi tão escrita, tão comentada, tão compartilhada. O que foram os vestidos do Oscar perto desse? Quase nada. E os do casamento de Fernanda Souza e Thiaguinho? Menos ainda, praticamente nada. O vestido mais top da “semana dos vestidos” foi ele, o vestido que muda de cor. Nem Jennifer Lopez e Luciana Duvall tiveram seus vestidos mais comentados do que esse. Se a Anitta tivesse ido ao casamento com esse vestido, teria abafado, com certeza! E foram vendidos muitos dele. Várias mulheres quiseram comprar o inusitado vestido, fotografado em um casamento realizado em uma pequena ilha na Escócia. O assunto mexeu com o mundo todo. Quase todos os sites de entretenimento e informação mostravam o vestido. Vários especialistas foram questionados sobre o fenômeno e convidados a dar explicações em programas de TV. Há quem dizia que o mundo nunca mais seria o mesmo. E o assunto se estendeu pelo restante da semana. Um mesmo vestido e duas combinações de cores (teve gente que viu mais, mas aí foi muita viagem), foi algo para colocar muita gente louca e encerrar a semana do vestido com chave de ouro. Melhor, dourada. Ou teria sido preta?


Bem, o que dá para dizer é que essa deve ter sido a semana em que mais se falou em vestido até hoje (acho que só a Paula Fernandes escapou dessa vez). E, por isso, pergunto: foi ou não a semana do vestido? 

segunda-feira, 23 de março de 2015

Cabelo “bom”, cabelo “ruim”

O que é um cabelo bom? E o que é um cabelo ruim? Quando assim interrogados, rapidamente pensamos que o cabelo bom é aquele liso, e se for comprido, volumoso e brilhante, então é de propaganda de xampu. Já o cabelo enrolado, seja crespo ou cacheado, (ah!) esse é o ruim.

Quando foi que aprendemos isso? Sempre! E aprendemos cedo qual é o tipo do nosso cabelo. “Ah! Que sorte, o cabelo dela é bom!”, “Ih! Coitadinha! Vai gastar muito. É uma gracinha, mas o cabelinho... não é dos melhores não”. E fica ainda mais evidente para as meninas (num machismo tremento), “Se fosse mulher, não teria um cabelo tão bom” ou “Nossa! Porque não veio trocado, ela com o cabelo liso e ele, enrolado. Porque homem pode cortar e pronto. Mas mulher...”.  Quem nunca escutou ou, mesmo, já se flagrou dizendo frases desse tipo. E tiveram as músicas, “Meu cabelo é ruim, mas meu terno é de lin' (...)”, mostrando, Os Raimundos, que um cabelo “ruim” dificulta no momento da conquista. E para elas, nem se fala, o cabelo foi colocado lado a lado à forma do corpo (machismo novamente), como ressaltavam os Mamonas, “Mina, seus cabelo é da hora/seu corpão violão (...)”, em cujo clipe aparecia a imagem de uma mulher com os cabelos lisos e loiros (!). O jeito era se apegar, então, a um modelo mais romântico, lembrando Caetano Veloso e os “caracóis dos seus cabelos”.

A verdade é que fomos aculturados a entender que quem tinha os cabelos lisos, tinha uma vantagem diante dos outros. E a preferência não foi construída apenas para a atração sexual e afetiva (o que, por si só, já é ridículo!). Mas estendeu-se por vários campos. Muitos se lembrarão de histórias de constrangimento sofridas por pessoas com o dito cabelo “ruim” nas mais diversas situações. Uma professora que teve o cabelo considerado inapropriado para dar aulas na educação infantil (!?); um menino que teve a renovação de sua matrícula negada em uma escola, após a mãe se recusar a cortar seu cabelo black power (terrível!); uma jornalista que precisou prender com uma borracha de escritório o seu cabelo, num posto da Polícia Federal, para adequá-lo ao sistema na hora de tirar a fotografia para seu passaporte. E são vários os casos. E nada disso aconteceria se os cabelos fossem lisos ou se as pessoas soubessem usar/controlar/domar (como se tratasse de uma fera) seus cabelos. A questão era, adapte-se ou sofra, no melhor (ou pior) da ditadura do cabelo liso.

Então, para adequar-se ao meio e ser aceitos, homens e mulheres passaram a adequar seus cabelos ao sistema. Poucos por gosto, muitos por necessidade. Em uma questão em que até o gosto se discute, visto ser também aculturado. Começou, então, a corrida frenética aos salões de beleza. Escovas, chapinhas, relaxamentos e, por fim, os alisamentos. Para as mulheres não faltaram opções. Tecnologia japonesa, marroquina, americana, de tudo. E para os homens, algo básico, corte bem curto, por favor. Poucas pessoas resistiram a tudo isso. Era preciso transformar o cabelo “ruim”. E para quem não quisesse os métodos mais radicais e, por que não, invasivos, então, o jeito era prender, porque solto, só Elke Maravilha.

Mas tantos tratamentos químicos tiveram consequência. Além dos riscos à saúde apontados por diferentes profissionais, e eles incluem quem usa e quem aplica, os resultados foram ficando cada vez menos satisfatórios. O cabelo fica bonito no começo, depois, vai acabando, fica muito ressecado, opaco, sem vida, sem forma, sem graça, sem nada.


Aí veio a reviravolta. E, pegando carona na era do politicamente correto, muita gente de cabelo enrolado decidiu assumir suas madeixas e exigir que sejam respeitadas e aceitas como são. E como é a cultura que define o que é bonito ou não, com essa onda toda, muita gente já está começando a gostar e admirar os cabelos crespos e cacheados. Não é uma admiração apenas pelo o quê é natural (aliás, isso sempre existiu de algum modo), mas é olhar e achar bonito e lembrar-se da poesia dos caracóis do Caetano.  

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Pedagogia

Acabei de ler no portal de informações de uma universidade, que seleciona alunos de graduação pelo SISU (Sistema de Seleção Unificada), que até às 18 h de ontem, último dia para inscrição, os três cursos que lideravam a lista dos mais procurados no país eram Administração, Direito e Pedagogia! Sim, Pedagogia! Mais de dois milhões e meio de inscritos na seleção, o que implica em muitos para o curso que forma professores para a educação básica.

Não me admirei com Administração e, principalmente, com Direito. São cursos com ampla atuação no mercado de trabalho, muitas possibilidades para concursos públicos e que carregam certo prestígio. Mas estranhei de não ter sido Medicina, por muito tempo um curso muito concorrido pelo prestígio, pela expectativa de bons salários e também, vá lá, pela “vocação”. Contudo, minha surpresa maior foi com a Pedagogia. Uma surpresa boa. Melhor, muito boa! Tomara que, realmente, muitas pessoas estejam interessadas em serem professores neste país. Afinal, eu acredito que apenas pela Educação, poderemos salvar o Brasil desta situação de ignorância, mesquinharia e atraso.

A Educação promove o ser humano. É por meio dela que podemos compreender quem somos, qual o nosso ambiente e o que podemos fazer para evoluirmos. Um povo educado adoece menos, porque sabe evitar a doença e promover a saúde; administra melhor os recursos que têm, naturais e financeiros, e não enfrenta grandes dificuldades; convive melhor com as pessoas, porque adquirindo cultura, aprende a respeitar as diferenças. Um povo educado aproveita melhor a vida e tem a oportunidade de ser mais feliz.

Contudo, pela deficiência desses atributos, não é difícil justificar a precariedade da Educação no Brasil. Infelizmente, a Educação é pouco valorizada. Pelo baixo aproveitamento médio no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) percebe-se não a baixa escolarização, mas a baixa educação. Bens móveis e imóveis, fama e repercussão nas redes sociais são alvo de maior cobiça da população que a cultura, a arte, as ciências, as letras. Sou de um tempo em que se valorizava aquele que sabia mais e do mais variado. Valia, por exemplo, ser contador, escritor de contos, amante do cinema, conhecedor de passarinhos e de árvores, tudo em um só indivíduo. Ou dona de casa, costureira, contadora de causos, aspirante a enfermeira e mediadora de conflitos, também tudo reunido em uma só pessoa. O conhecimento não era restrito às salas de aula cheias de carteiras e pó dos colégios. Todo espaço era um ambiente de aprendizado. Aprendia-se a o nome das aves com os mais velhos; a habilidade de escrever, lendo; a de mediar conflitos, observando. Hoje, ter mais de uma atividade é para ficar rico; fazer mais de um curso, é coisa de gente mal resolvida; não fazer uma especialização, é preguiça. O importante é ter o carro do ano, trocar sempre a mobília da casa, andar com roupas de marcas famosas, receber muitas mensagens pelo Smartphone e ter muitos amigos e curtidas no Facebook.

Hoje, quando eu já me formei na faculdade, eu aprendo muito mais. Descobri muitas coisas que eu não sabia. Observo à minha volta e vejo o quanto ficou para se aprender. Na escola a gente preocupava em saber os nomes dos principais rios da Europa, onde nasciam e desaguavam, mas hoje eu me pergunto de onde vem e para onde vai a água que sai da torneira de minha casa, onde nasce o rio que abastece minha região e onde ele vai desaguar. Na escola eu estudava a evolução de Darwin, da célula ao homem, passando pelos mais diferentes seres vegetais e animais, que nunca habitaram o meu estado; e hoje eu pergunto quais plantas nascem espontâneas no meu quintal. Eu permiti que a escola atrapalhasse os meus estudos. E ainda criança, fui alertada para este mal, por um autor que não me recordo agora o nome.

Vejo que tudo evoluiu no mundo, menos a Educação. Lembro-me de meu período como estudiosa de licenciatura de um professor nos observar que tudo mudou, menos a forma de se ensinar nas escolas. Quadro, cuspe, giz e nada mais. A Educação merece mais do que isto. Vinte e cinco por cento do PIB para a Educação não são para encher pátios de carro, é para atualizar e promover a forma de ensinar. Antes de tudo, os professores precisam ser valorizados, incentivados. Lecionar não deve ser um “bico”, e, sim, uma profissão de respeito. O professor deve ser remunerado para dar aulas e também para planejá-las. O orientador pedagógico deve ser seu auxiliar. O conhecimento não deve ser repassado, mas construído. E isso, dá trabalho, mas muda. E muda tudo.


Eu acredito na Educação. E espero otimista que muito brasileiros desejem, sim, cursar Pedagogia, ser professores e mudar o nosso país. 

Por que resolvi fazer um blog

Eu adoro escrever e isso não é nenhuma novidade. Mas resolvi não me limitar ao papel e à caneta. Quero compartilhar meus textos, saber o que as pessoas pensam a respeito deles e trocar opiniões. 

O destino e minhas escolhas não me permitiram ser jornalista. Encontrei no blog uma maneira amadora de realizar um sonho, ser cronista. 

Então, este blog será uma espécie de "Cronista por um dia", mas em vários dias, assim espero. Quando sentar para escrever, me sentirei, de alguma forma, fazendo o que imaginava quando criança...

Bem vindos, aos que vierem. 
Espero que os momentos aqui possam ser de conhecimento e leveza.
Boas leituras!